Oração – conectados a Deus

 

 

Objetivos

Entender o verdadeiro sentido da oração: o encontro com o Deus que preenche nosso ser.

Despertar no catequizando o valor e a importância da oração na vida.

Compreender que a oração é um meio de cultivar a amizade com o Senhor.

Mostrar a importância da oração familiar, comunitária e pessoal.

 

Preparação para

o encontro

Preparar o ambiente usando os seguintes símbolos: pão, frutas, Bíblia. Caixa para receber os pedidos de oração.

O Catecismo da Igreja Católica tem uma vasta exposição sobre o tema: CIC 2558-2565; 2598-2616; 2697-2758.

 

Acolhida

Oração inicial: Vinde Espírito Santo

Relembrar o encontro anterior.

 

Ver

Refletir- Nossa vida:

Em 1974, sofri paralisia facial do lado esquerdo. O resultado foi desfiguramento grosseiro de todo lado esquerdo do meu rosto. Minha bochecha cedeu, minha pálpebra esquerda não piscava, meus lábios ficaram tortos, metade de minha língua ficou insensível e minha testa não franzia no lado esquerdo. Foi terrível.

Instintivamente, minhas orações eram em favor de uma total recuperação miraculosa. Orei fervorosamente, mas a cura não veio. Depois de 10 dias no hospital de minha cidade, fui transferido para o centro médico de uma universidade.

Enquanto eu estava ali, um jovem capelão aproximou-se durante uma visita. Contei-lhe que havia orado para que o meu rosto fosse curado, mas que não havia obtido nenhuma melhora.

O capelão abriu sua Bíblia e gastou tempo lendo para mim a história de como José havia se tornado o segundo mais importante homem no Egito. Quando revelou sua identidade aos irmãos, eles estavam certos que buscaria revanche. Em vez disso, ele os perdoou. Quando perguntaram como ele podia ser tão magnânimo, José explicou que Deus havia usado aquele mal para operar o Seu bem.

“Agora você tem uma oportunidade semelhante”, disse-me o capelão. “A vida lhe deu um duro golpe. É sua fé suficientemente forte para você parar de orar pelo que deseja e, em vez disso, descobrir que Deus pode livrá-lo?”

“Mas estou paralisado”, murmurei através dos lábios tortos e insensíveis.

“Apenas um lado de seu rosto está paralisado”, opôs-se o capelão. “Suas pernas, pés, mãos, braços e costas funcionam bem. O mesmo ocorre com sua audição, pensamentos, percepção e tato. Descubra o que Deus tem reservado para você. Submeta-se a Ele.”

Desde então, mudei minha oração. Continuei a pedir pela restauração de minha face, mas também orava que, se aquilo não fazia parte da vontade de Deus para mim, então eu desejava pela graça aceitar minha situação e servir onde Ele pudesse me usar.

Para minha surpresa, a paralisia passou a ser uma completa bênção de Deus. Por causa dela, precisei assistir a uma classe de terapia da fala para aprender a falar claramente outra vez. Nela, foram dadas dicas sobre projeção da voz, pronúncia, oratória e gesticulação. Logo, não apenas aprendi como falar novamente, mas também desenvolvi a arte de falar em público.

Graças àquele treino, agora apresento mais de 80 palestras por ano em faculdades, universidades e empresas. Também sou catequista em uma paróquia, e atendo a inúmeros convites para falar em rádio e televisão. Não tivesse sido pela paralisia, essa fase em minha carreira nunca teria sido aberta para mim. 30

Venho recuperando a sensibilidade e a maioria do movimento motor da testa, nariz, lábios e língua. No entanto, minhas pálpebras e bochecha do lado esquerdo ainda mostram evidências do problema que sofri. Mas nunca penso nele como algo desconcertante.

Se alguém me pergunta a respeito dele, eu digo: “É alguma coisa que parecia levar para o mal, mas através do poder da oração passou a operar para o meu bem,”

(“O ingrediente que falta na oração”, Decisão, 1991)

 

Pare e pense:

Que papel a oração desempenha em sua vida? Você teria algum exemplo pessoal de oração respondida para partilhar?

Você abre espaço para Deus em sua vida? Você se sente confortável contando seus problemas para Deus?

Vocês costumam rezar?

O que rezam? Como rezam? Com quem rezam?

Vocês rezam todos os dias ou só quando deseja conseguir alguma coisa ou quando se vê em apuros? O que fazer quando, aparentemente, Deus não ouve as nossas orações?

Na oração do Pai Nosso, qual o trecho que você acha mais difícil de viver?

Motivar os catequizandos nas respostas e no diálogo sobre oração. Estimule-os a partilharem suas experiências na oração, completando sobre a importância da oração na nossa vida. Incentivá-los a rezar todos os dias.

As respostas serão variadas, procurar direcionar a conversa na perseverança da oração com fé e estar aberto às respostas de Deus.

 

Iluminar

Palavra de Deus: Mt 6, 5-15 – O Pai Nosso

Motivar o grupo a ler o texto e marcar as palavras mais representativas e significativas.

Com estas palavras, elaborar frases com o grupo e tirar mensagem para a vida.

Jesus nos ensina a rezar porque nos ama; quer que conversemos com ele e que sejamos irmãos.

 

Jesus tinha um jeito especial de rezar. Gostava de lugares isolados, rochosos, tranquilos... O que sustentou o projeto de Jesus foi justamente o contato íntimo com o Pai. Certo dia, ao verem Jesus rezar tão bonito, seus discípulos lhe pediram: “Mestre, ensina-nos a rezar”. Então, Jesus lhes ensinou o Pai Nosso. Jesus deixa bem claro que não devemos ser egoístas, temos que saber pronunciar a palavra “nosso”, crendo no valor da partilha, da vida. Partilhar o pão nosso de cada dia é o mesmo que contribuir para que o Reino de Deus aconteça em toda parte. Saber perdoar para que a dignidade humana seja respeitada, só assim estaremos fazendo a vontade do Pai que está no céu.

 

Agir

Incentivar a oração intercessora (uns pelos outros). Pode-se criar uma lista de nomes para interceder.

Planejar um momento de oração em grupo, ou uma corrente de oração, onde cada um interceda pelo outro.

Convidar sua família para rezarem juntos a oração do Pai Nosso.

 

Celebrar

Providenciar uma caixa bem bonita para receber os pedidos de oração. (cada um coloca seu pedido de oração na caixa)

Vamos rezar uns pelos outros, pelos pobres, doentes, pela nossa família, comunidade e por todos os necessitados

De mãos dadas em sinal de amizade, rezemos o Pai Nosso.

 

 

 


 

Saiba mais

 

A oração nos une a Deus e nos ajuda a caminharmos adiante. É muito importante rezar sozinho, participar da liturgia, de momentos de oração da comunidade para estar na presença de Deus e cultivar a presença dele na vida. Para uma boa espiritualidade cristã e para garantir um seguimento radical a Jesus Cristo, as duas modalidades da oração são necessárias. Uma não exclui a outra. Ambas se completam.

A oração é uma conversa com Deus. É uma resposta à necessidade que temos de Deus. É um modo de verbalizar nossa sede de Deus e nossa vontade de estar com Ele. Sentimos dentro, bem lá no fundo de nosso ser, um desejo profundo de buscar o Senhor. Porém, jamais poderíamos encontrar a Deus, se Ele mesmo não se revelasse a nós. Não somos nós que vamos ao seu encontro, mas é Ele que vem até nós. A oração, portanto, é o encontro de duas sedes: Deus tem sede de nós e nós temos sede dele.

O encontro com o Senhor é capaz de dar sentido à nossa vida, de preencher completamente nosso ser. A oração é a oportunidade de encontrarmos o Senhor. A oração é uma graça, um presente da iniciativa amorosa de Deus. Contudo, é necessária a nossa abertura de coração. A prática da oração depende também de nossa disciplina. “*...+ a oração diária é o sinal do primado da graça do caminho do discípulo missionário” (DA 255).

A oração está unida à vida e reproduz a vida, ou seja, a vida de oração autêntica nos leva a vivenciar o Evangelho como discípulos missionários de Jesus Cristo. Quem reza bem, vive bem! Afinal de contas, é a vida humana, mergulhada em Deus, que é rezada (veja o exemplo do livro dos Salmos). Jesus é o melhor exemplo de vida de oração.

Crescer em Comunhão, Livro do Catequista, Editora Vozes, Vol. V, p. 36, 2008

 

Os adolescentes, de modo geral, gostam de entrar em seus quartos para viver a sua individualidade. Quando entram no quarto estão em seu cantinho para cultivar os seus segredos. Cada um de nós também precisa de momentos reservados para que cuidemos de nós mesmos e cultivemos o que faz parte da nossa individualidade.

A intimidade é importante para a vida de oração. No Evangelho, Jesus ensina a rezar ao Pai, no silêncio, na solidão. É fundamental criarmos o hábito da oração pessoal. Do mesmo modo que precisamos nos alimentar diariamente, também necessitamos do alimento espiritual que é o cultivo da amizade com o Senhor.

Rezar é, portanto, entrar na intimidade de Deus-Pai, por meio de Jesus, no Espírito Santo. Ser íntimo de Deus significa ser amigo fiel dele.

Para rezar bem e percebermos que nossa oração é frutuosa necessitamos de alguns elementos da “arte de rezar”, como por exemplo: adotar um método de oração; um tempo adequado; um espaço privilegiado; um roteiro mínimo, uma intenção. Há uma diversidade de formas de oração. Podemos rezar com fórmulas, com palavras espontâneas, com a recitação do rosário ou pela leitura e meditação de um texto da Bíblia, pela leitura orante da Bíblia. Tanto para uma forma como outra necessitamos de silêncio interior e exterior. Sem isso, é impossível entender o recado de Deus sobre nossa vida, pois silenciar é também um modo de orar, sobretudo para escutar o que Deus nos diz.

Rezar é mais do que pedir coisas, pois devemos igualmente, agradecer, pedir perdão, louvar e bendizer ao Senhor. Independente do modo que costumamos fazer a nossa oração, o mais importante é que a nossa atitude seja uma abertura ao amor de Deus, o cultivo da sua presença constante em nossa vida. Aliás, a oração é a fórmula mais própria para o cultivo contínuo da presença de Deus em nossa vida do dia a dia. A oração é também entendida como uma “luta espiritual”. Isso porque nem sempre é fácil cultivar o hábito da oração. Quando oramos nem sempre recebemos gratificações do Senhor ou conseguimos manter a nossa atenção. Mesmo quando a oração não parece frutuosa, somos desafiados a perseverar na oração.

O esforço e a perseverança de quem ora são importantes, mas acima de tudo, a oração é um dom de Deus. Deus vem até nós e nos dá a graça do encontro com Ele. Portanto, a oração não depende somente do ser humano: não é uma multiplicação de palavras bonitas, como garantia de que Deus escute a nossa súplica. Deus sempre escuta a nossa oração, sempre nos atende se pedirmos com fé, mas do modo dele, de acordo com a sua vontade. Seria uma incoerência tentar controlar a Deus. A melhor oração é assumir a vontade de Deus, mesmo que não entendemos como fez Jesus no Getsêmani.


ORAR E REZAR