Missa e Celebração da Palavra

 

Objetivos

Ensinar o valor da Santa Missa.

Ajudar as crianças  na percepção dos símbolos que os levam à plena participação na vida litúrgica da Igreja. Também fazê-las descobrir a presença de Jesus na Palavra, no Pão e no Vinho; descobrir a alegria da amizade de Jesus; perceber como é bom estar com Ele, na alegria de viver Jesus na Comunidade. 

 

Preparação para o encontro

Cartaz ou imagem com desenhos de missa, padre, do povo...

Bíblia, velas, flores...

 

Acolhida

Oração inicial: Sinal da cruz e Credo.

 

Recordar o encontro anterior.

 

Ver

- Vocês gostam de festa?

- Na casa de vocês sempre tem festa? De quê?

- Quem se reúne na festa de vocês?

- O que é mais divertido?

 

A Missa é uma verdadeira festa, onde revemos nossos colegas, pedimos perdão a Deus pelas ofensas (pecados leves), cantamos juntos, ofertamos nossas alegrias e tristezas, ouvimos o próprio Jesus através do Evangelho, agradecemos nossas vidas, rezamos juntos, damos o abraço da paz a quem esteja perto de nós, celebramos o Mistério Eucarístico, ou seja é o próprio Jesus que se torna alimento, um verdadeiro presente para cada um de nós.

 

- Mostrar o cartaz.

 

- Explicar que Domingo é dia do Senhor, é o dia da família de Deus reunir-se para rezar, agradecer e louvar.

O domingo sempre foi um dia especial porque assinala o primeiro dia da criação do mundo, para os cristãos tem esse valor especial: marca o dia em que, ressuscitando, Jesus deu a prova mais perfeita de Sua missão divina, principal fato sobre o qual se apóia a fé cristã.
Celebrar um acontecimento tão importante só uma vez por ano, na Páscoa, seria muito pouco. Por isso a Igreja celebra todos os domingos a vitória de Cristo sobre o pecado e sobre a morte. Em verdade, a vida da Igreja se centra na celebração dominical da Páscoa e da Eucaristia do Senhor.
 

Iluminar

 "A Igreja alimenta-se com o Pão da Vida na mesa da Palavra de Deus e do Corpo de Cristo". "Na Palavra de Deus se anuncia a aliança divina e na Eucaristia se renova esta mesma aliança nova e eterna. Na Palavra recorda-se a história da salvação, na Eucaristia a mesma história se expressa por meio de sinais sacramentais". Portanto, a Palavra conduz à Eucaristia. Se, por um lado, a Palavra encontra sua realização na Eucaristia, por outro a Eucaristia tem, de certo modo, seu fundamento na Palavra.

 A Igreja não é uma entidade separada dos fiéis, na verdade a Igreja são os fiéis (igreja vem do grego "ekklesía", que quer dizer "assembléia, reunião de pessoas"). Então, a Igreja somos nós todos reunidos, e este foi o desejo de Cristo quando a criou: Ele queria que fortalecêssemos a nossa fé reunidos em assembléia. 
Resumindo: é certo que é muito importante para a nossa vida de fé que nos reunamos aos outros irmãos em qualquer dia da semana para, juntos, celebrar a Páscoa do Senhor no sacramento da Nova Aliança. 

Portanto:

- É na missa que celebramos o que de mais precioso temos: a vida, com suas alegrias, tristezas, esperanças, tudo isso junto com nossos irmãos.

- Deus vem ao nosso encontro e vamos até Ele, por Cristo, na pessoa do sacerdote. Unimo-nos, num só coração, numa só fé, num só ideal: prestar culto a Deus.

Missa: Sacrifício  de Cristo. Lembramos a sua vida, os seus ensinamentos; participamos desse sacrifício, recebendo o próprio Cristo.

- Na Missa nós falamos com Jesus com preces, cantos e gestos e Jesus nos fala por meio de sua Palavra.

- Nós damos a Jesus o que somos e temos, no ofertório e Jesus nos dá seu Corpo e Sangue, pão e vinho na consagração.

- Jesus age em nós para fazermos o bem.

- Na Missa nós nos reconciliamos com Deus, no Rito Penitencial.

- Sentimo-nos mais unidos, mais irmãos, no abraço da Paz.

-Escutamos os ensinamentos de Deus, pela sua Palavra e na homilia.

- Louvamos, falamos com deus, cantamos pedimos.

- Recebemos a presença de Jesus Ressuscitado.

- Preparamo-nos para, com Jesus, construir um mundo justo e fraterno.

 

Dinâmica ( em anexo)

 

Agir

- Participar com as crianças de uma Missa, e no próximo encontro tirar dúvidas, e falar com as crianças do que sentiram e acharam.

- Após a catequese, visitar a igreja e mostrar a elas tudo que aprenderam.

 

Celebrar

De mãos dadas , rezar esta oração:

Senhor Jesus, em cada missa estamos contigo e com todos os irmãos. Que alegria e que felicidade! Muito obrigado por nos convidar para essa reunião.

Sinal da cruz e abraço da Paz.

 

 

 


Missa- encontro com Cristo e os irmãos

 

Queremos trazer presente a missa, onde os cristãos, ao redor da mesa da Palavra e do Pão, vivem a memória de Jesus Ressuscitado, presente na comunidade cristã.

A celebração dominical recebeu vários nomes com o decorrer dos tempos.

- Até o séc. II ela se chamou “a Ceia do Senhor” (1Cor 11, 20), em memória da ceia de Jesus com seus discípulos, ou a fração do pão (2, 42), por ser uma refeição em que se parte e reparte o pão.

- A partir do séc. II chamou-se de “Eucaristia”, que significa ação de graças.

- Após o séc. IV recebeu o nome de “Missa”, que quer dizer missão, envio. Com a celebração Eucarística continuamos a missão de Jesus.

- Com o Vaticano II recuperou-se o nome de “Ceia do Senhor” e “Eucaristia”. Na própria missa se diz: Felizes os convidados para a “Ceia do Senhor”.

 

DINÂMICA

1.º Passar uma caixinha com as frases que seguem para os participantes.

2.º Cada um dirá se concorda ou discorda e o por quê.

 

a) A missa é festa de fraternidade e de celebração da vida.

b) A missa é uma festa de encontro com Jesus Cristo e com os irmãos, onde a vida se faz presente com seus anseios e angústias, alegrias, esperanças e lutas.

c) Importante é ir à missa com a família e os amigos.

d) Muitas pessoas não vão à missa porque dizem que não tem tempo.

e) Muitos cristãos só vão à missa na festa da Páscoa.

f) Missa é compromisso com os excluídos de pão.

g) Os horários da missa não permitem uma maior participação dos cristãos.

h) Muitos cristãos pouco conhecem a Jesus e, por isso, não sentem necessidade de celebrar a Eucaristia.

i) A missa é para aqueles que têm vontade.

j) A missa é uma obrigação.

k) A missa é ação de graças, é memorial, refeição e presença real de Jesus Cristo na comunidade cristã.

l) Muitos gostam de algo festivo e a missa é celebração apagada sem participação.

 

DE ONDE VEM A ESTRUTURA DA MISSA?

A missa não é uma invenção das primeiras comunidades, mas uma exigência de vivenciar os gestos, as palavras e a vida de Jesus.

A estrutura essencial está na última ceia:

·                     Jesus “tomou o pão... o vinho”. É a preparação das oferendas.

·                     Jesus “deu graças”. É a Prece Eucarística de nossas Missas.

·                     Jesus “partiu o pão” e deu-o a seus discípulos. É a comunhão, participação na Eucaristia
(Mt 26, 26-29).

 

As comunidades judaicas já vivenciavam a partilha do pão. No início da refeição, o pai toma o pão nas mãos, dá graças a Deus e o parte para distribuí-lo.

Jesus repete estes gestos na sua última ceia, referindo-se, porém, ao gesto de dar a própria vida. Nasce assim a Eucaristia dos cristãos, que perenizam a Páscoa de Jesus.

Com o passar do tempo as comunidades cristãs contribuirão para inculturar o que aconteceu na última ceia.

O Papa, na carta Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, recomenda a integridade de tão grande mistério, bem como de dar-lhe o devido respeito e apreço.

“À semelhança dos primeiros discípulos encarregados de preparar a “grande sala”, a Igreja sentiu-se impelida, ao longo dos séculos e no alternar-se das culturas, a celebrar a Eucaristia num ambiente digno de tão grande mistério”. E aproxima-se com humildade: “Senhor, eu não sou digno que entres em minha morada” (48), como também, “mediante uma série de expressões exteriores, tendentes a evocar e sublinhar a grandeza do acontecimento celebrado” (49).

A Sacrosanctum Concilium: “a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações” (48).

 

ENSINAMENTOS OPORTUNOS

Para os cristãos valorizarem a missa faz-se necessário uma boa iniciação à liturgia através da catequese.

• Entender que missa não é espetáculo. No espetáculo a pessoa se torna apenas um espectador.
Na missa, a pessoa necessita colocar-se em atitude de participação, onde os cinco sentidos devem estar disponíveis e em alerta.

• Entender a necessidade de que a missa exige ser bem preparada, bem presidida e bem celebrada.

Apesar de muitas celebrações deixarem a desejar, com pouca participação, feitas às pressas, cantos desconexos, pouco atraentes..., sempre haverá um encontro com o Ressuscitado, se assim nos dispusermos a querer.

Conselhos que podem ajudar

Quando trabalhamos com os jovens, ouvimos muitas reclamações e também falta de motivação para irem à missa. Mas não faltam adultos que perderam a vontade de assumirem a missa como algo que faz parte da vivência cristã. Muitos perderam o gosto de se encontrarem com o Senhor e os irmãos. Que pena!

 

CONSELHOS

Veja alguns conselhos dados por Javier Suescun em seu livro “A missa me dá tédio”.

• “Prepare seu coração”. Pense “vou me encontrar com o Senhor e com irmãos e irmãs na fé. É Deus que convida para celebrar com Ele o todo da vida. Ele não exclui ninguém.

• Seja pontual e fique num lugar próximo do altar.

• Participe cantando, rezando, ouvindo, inteirado com todo seu ser. Sinta os que estão próximos a você como seus irmãos e suas irmãs.

• Preste atenção às leituras e à homilia do padre. É Deus que se comunica.

• Ao participar da Eucaristia, entre na intimidade com o Deus-Amor que está em você. É o momento de agradecer, reclamar, pedir forças e programar a vida juntamente com Jesus.

• Que o encontro com o Senhor seja marcado por uma proposta de vida; Jesus desafia a fazer o que Ele fez.

• Marque algum compromisso para fazer o mundo mais feliz, de acordo com o sonho de Deus.

 

Gestos próprios da oração

Os gestos de oração e adoração dentro da Igreja e na oração em geral, devem ser ensinados para que as crianças possam encontrar na linguagem gestual um auxílio. Neste sentido apresentamos alguns para explicar às crianças:

 

genuflexão – de um só ou dois joelhos – exprime o gesto de reverência e adoração. Por isso, ao entrar na Igreja a criança deve procurar a lâmpada que indica a presença de Jesus no Sacramento da Eucaristia, identificando assim o gesto de reverência que deve fazer. Caso se encontre numa Igreja onde se guarda habitualmente a reserva eucarística no Sacrário deve a criança saber que, ao entrar faz a genuflexão de um só joelho (o joelho direito). A lâmpada acesa indica a presença do Senhor e deve baixar por isso o joelho direito ao chão. Caso se encontre numa Igreja sem a reserva eucarística deve fazer ao altar uma inclinação da cabeça. Este parece ser um gesto pequeno, mas ajuda o coração do que crê a entrar em oração.

 

inclinação - de que já falamos é igualmente um gesto de reverência e adoração. Fazemos ao passar em frente ao altar, mas também quando recebemos a bênção.

 

Sentado - Há, ainda, uma outra posição comum, quando escutamos a Palavra: sentados. Habitualmente sentamo-nos para “de coração tranquilo” escutarmos a Palavra. No entanto, ao Evangelho, levantamo-nos para confessar “que é Cristo presente no meio de nós que fala”.

 

 Lugares próprios de oração

 Há vários lugares de referência dentro das igrejas que devem ser tidos em especial consideração: o altar; o ambão; a presidência; o batistério; e o sacrário. Não raro encontramos fiéis que entram dentro das igrejas sem qualquer gesto de adoração ou, se o fazem, fazem-no dirigindo-se imediatamente às imagens. É natural que para as crianças as imagens estejam em primeiro plano. Sem dúvida que estas devem ter o seu lugar, no entanto não devem tomar o lugar do essencial. Há a necessidade de procurar encontrar o significado dos diversos lugares de cada igreja.

 O Altar - No altar é celebrado o memorial do Senhor e se apresenta aos fiéis o seu Corpo e Sangue. Os cristãos devem ter pelo altar a maior veneração. Como mesa, ele apresenta o pão e o vinho que dá ao nós o Corpo e o Sangue de Cristo.É nessa mesa que os cristãos se sentam em cada Domingo para saborear o alimento que perdura até à vida eterna. A veneração do altar cria, por isso, na criança o desejo de receber o Senhor. 

 O Ambão -  Quantas vezes entramos nas igrejas e encontramos o ambão “desprezado” e tantas vezes escondido e lateral. No entanto, no dizer do Concílio, é outra mesa que partilha aos fiéis o pão da Palavra. É por isso, conveniente que se façam celebrações da Palavra onde a criança possa experimentar e viver a história da Salvação.

 A Cadeira - da presidência é também um lugar celebrativo que, quer na liturgia, quer fora dela, só o presidente ordenado se deve sentar. É a partir dessa cadeira, que o padre preside às celebrações do povo fiel. Por isso ninguém, para além dele, se deve nela sentar.

Sacrário - evoca em nós a presença do Senhor sob as espécies eucarísticas do Corpo do Senhor. Nele se conserva, , a reserva eucarística. Por isso, a “obrigação” de o adorar na sua presença real.

 


 

Cumpro o preceito dominical participando da Celebração da Palavra?

 

O Catecismo da Igreja Católica ensina que "a celebração dominical do Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja. O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por excelência." (2177)

É justo, portanto, afirmar que o católico tem a obrigação de participar da celebração dominical. Mas, o que vem a ser esta celebração? O mesmo Catecismo segue ensinando:

"O mandamento da Igreja determina e especifica a lei do Senhor: ‘Aos domingos e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis têm a obrigação de participar da missa’. Satisfaz o preceito de participar da missa quem assiste à missa celebrada segundo o rito católico no próprio dia da festa ou à tarde do dia anterior. (2180)

Assim, todos os católicos são obrigados a participar da Eucaristia no domingo e dias de festa. E o motivo é bastante simples:

"A Eucaristia do domingo fundamenta e sanciona toda a prática cristã. Por isso os fiéis são obrigados a participar da Eucaristia nos dias de preceito, a não ser por motivos muito sérios (por exemplo, uma doença, cuidado com bebês) ou se forem dispensados pelo próprio pastor. Aqueles que deliberadamente faltam a esta obrigação cometem pecado grave." (2181)

Por esse parágrafo do Catecismo é possível ter a dimensão da importância da participação na Eucaristia dominical. O Código de Direito Canônico regulamenta:

Cân 1248: § 2. Por falta de ministro sagrado ou por outra grave causa, se a participação na celebração eucarística se tornar impossível, recomenda-se vivamente que os fiéis participem da liturgia da Palavra, se houver, na igreja paroquial ou em outro lugar sagrado, celebrada de acordo com as prescrições do Bispo diocesano; ou então se dediquem a oração por tempo conveniente, pessoalmente ou em família, ou em grupos de família de acordo com a oportunidade."

É a participação na SANTA MISSA que cumpre o preceito, não bastando, assim, a participação na Celebração da Palavra. Somente se o fiel está impossibilitado e, portanto, é impossível participar da Santa Missa, a Igreja recomenda que participe da Celebração da Palavra, reze em família ou, diante da impossibilidade de qualquer uma deles, que reze sozinho.

Infelizmente, está sendo propagada no Brasil a opinião de que a Celebração da Palavra e a Santa Missa têm o mesmo peso e importância. Tal opinião é errada e contrária à Lei da Igreja. Além dos documentos já citados (CIC e CDC), sabendo da importância do domingo para o católico, o Papa João Paulo II publicou a Carta Apostólica Dies Domini, no ano de 1998, falando exclusivamente sobre esse tema:

"8. O domingo, segundo a experiência cristã, é sobretudo uma festa pascal, totalmente iluminada pela glória de Cristo ressuscitado. É a celebração da « nova criação ». Este seu caráter, porém, se bem entendido, é inseparável da mensagem que a Escritura, desde as suas primeiras páginas, nos oferece acerca do desígnio de Deus na criação do mundo. Com efeito, se é verdade que o Verbo Se fez carne na « plenitude dos tempos » (Gal 4,4), também é certo que, em virtude precisamente do seu mistério de Filho eterno do Pai, Ele é origem e fim do universo. Afirma-o S. João, no Prólogo do seu Evangelho: « Tudo começou a existir por meio d'Ele, e sem Ele nada foi criado » (1,3). Também S. Paulo, ao escrever aos Colossenses, o sublinha: « N'Ele foram criadas todas as coisas, nos Céus e na Terra, as visíveis e as invisíveis [...]. Tudo foi criado por Ele e para Ele » (1,16). Esta presença ativa do Filho na obra criadora de Deus revelou-se plenamente no mistério pascal, no qual Cristo, ressuscitando como « primícia dos que morreram » (1 Cor15,20), inaugurou a nova criação e deu início ao processo que Ele mesmo levará a cabo no momento do seu retorno glorioso, « quando entregar o Reino a Deus Pai [...], a fim de que Deus seja tudo em todos » (1 Cor 15,24.28)."

"18. Por esta dependência essencial que o terceiro mandamento tem da memória das obras salvíficas de Deus, os cristãos, apercebendo-se da originalidade do tempo novo e definitivo inaugurado por Cristo, assumiram como festivo o primeiro dia depois do sábado, porque nele se deu a ressurreição do Senhor. De fato, o mistério pascal de Cristo constitui a revelação plena do mistério das origens, o cume da história da salvação e a antecipação do cumprimento escatológico do mundo. Aquilo que Deus realizou na criação e o que fez pelo seu povo no êxodo, encontrou na morte e ressurreição de Cristo o seu cumprimento, embora este tenha a sua expressão definitiva apenas na parusia, com a vinda gloriosa de Cristo. N'Ele se realiza plenamente o sentido « espiritual » do sábado, como o sublinha S. Gregório Magno: « Nós consideramos verdadeiro sábado a pessoa do nosso Redentor, nosso Senhor Jesus Cristo ». Por isso, a alegria com que Deus, no primeiro sábado da humanidade, contempla a criação feita do nada, exprime-se doravante pela alegria com que Cristo apareceu aos seus, no domingo de Páscoa, trazendo o dom da paz e do Espírito (cf.Jo 20,19-23). De fato, no mistério pascal, a condição humana e, com ela, toda a criação, que geme e sofre as dores de parto até ao presente (cf. Rom 8,22) conheceu o seu novo « êxodo » para a liberdade dos filhos de Deus, que podem gritar, com Cristo, « Abba, Pai » (Rom 8,15; Gal 4,6). À luz deste mistério, o sentido do preceito vetero testamentário do dia do Senhor é recuperado, integrado e plenamente revelado na glória que brilha na face de Cristo Ressuscitado (cf. 2 Cor 4,6). Do « sábado » passa-se ao « primeiro dia depois do sábado », do sétimo dia passa-se ao primeiro dia: o dies Domini torna-se o dies Christi!" (DD)

E a Carta Apostólica segue esclarecendo sobre a importância do domingo na vida do cristão católico, nas palavras do Bem-aventurado Papa João Paulo II.

Para aqueles que, mesmo diante dessa farta documentação, ainda insistem em colocar no mesmo nível de importância a Celebração da Palavra e a Santa Missa em importância, existe ainda a Instrução Redemptionis Sacramentum, que versa sobre algumas coisas que se devem observar e evitar acerca da Santíssima Eucaristia, publicada pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em 25 de março de 2004. Especificamente sobre o preceito dominical ela diz que:

"[162] A Igreja, no dia que se chama «domingo», reúne-se fielmente para comemorar a ressurreição do Senhor e todo o mistério pascal, especialmente pela celebração da Missa. De fato, «nenhuma comunidade cristã se edifica se não tem sua raiz e tronco na celebração da Santíssima Eucaristia». Pois o povo cristão tem direito a que seja celebrada a Eucaristia em seu favor, aos domingos e festas de preceito, ou quando ocorram outros dias festivos importantes, e também diariamente, na medida do possível. Por isto, quando no domingo há dificuldade para a celebração da Missa, na igreja paroquial ou noutra comunidade de fiéis, o Bispo diocesano busque as soluções oportunas, juntamente com o presbitério. Entre as soluções, as principais serão chamar para isto a outros sacerdotes ou que os fiéis se transladem para outra igreja de um lugar circunvizinho, para participar do mistério eucarístico.

[163] Todos os sacerdotes, a quem tem sido entregue o sacerdócio e a Eucaristia «para» os outros, lembrem-se de que seu encargo é para que todos os fiéis tenham oportunidade de cumprir com o preceito de participar na Missa do domingo. Por sua parte, os fiéis leigos têm direito a que nenhum sacerdote, a não ser que exista verdadeira impossibilidade, nunca rejeite celebrar a Missa em favor do povo, ou que esta seja celebrada por outro sacerdote, se de diverso modo não se pode cumprir o preceito de participar na Missa, no domingo e nos outros dias estabelecidos.

[164] «Quando falta o ministro sagrado ou outra causa grave fez impossível a participação na celebração eucarística», o povo cristão tem direito a que o Bispo diocesano, quando possível, procure que se realize alguma celebração dominical para essa comunidade, sob sua autoridade e conforme as normas da Igreja. Por isso, esta classe de Celebrações dominicais especiais, devem ser consideradas sempre como absolutamente extraordinárias. Portanto, quer sejam diáconos ou fiéis leigos, todos os que têm sido encarregados pelo Bispo diocesano para tomar parte neste tipo de Celebrações, «considerarão como mantida viva na comunidade uma verdadeira "fome" da Eucaristia, que leve a não perder ocasião alguma de ter a celebração da Missa, inclusive aproveitando a presença ocasional de um sacerdote que não esteja impedido pelo direito da Igreja para celebrá-la».

[165] É necessário evitar, diligentemente, qualquer confusão entre este tipo de reuniões e a celebração eucarística. Os Bispos diocesanos, portanto, valorizem com prudência se deve distribuir a sagrada Comunhão nestas reuniões. Convém que isto seja determinado, para promover uma maior coordenação, pela Conferência de Bispos, de modo que alcançada a resolução, a apresentará à aprovação da Sé apostólica, mediante a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Além disso, na ausência do sacerdote e do diácono, será preferível que as diversas partes possam ser distribuídas entre vários fiéis, em vez de que um só dos fiéis leigos dirija toda a celebração. Não convém, em nenhum momento, que se diga que um fiel leigo «preside» a celebração.

[166] Assim mesmo, o Bispo diocesano, a quem somente corresponde este assunto, não conceda com facilidade que este tipo de Celebrações, sobretudo se entre elas se distribui a sagrada Comunhão, revivendo-se nos dias feriais e, sobretudo, nos lugares onde o domingo precedente, ou o seguinte, se tem podido ou se poderá celebrar a Eucaristia. Roga-se vivamente aos sacerdotes que, ao ser possível, celebrem diariamente a santa Missa pelo povo, em uma das igrejas que lhes têm sido confiadas.

[167] «De maneira parecida, não se pode pensar em substituir a santa Missa dominical com Celebrações ecumênicas da Palavra ou com encontros de oração em comum com cristãos membros de outras [...] comunidades eclesiais, ou bem com a participação em seu serviço litúrgico». Se por uma necessidade urgente, o Bispo diocesano permitir ad actum a participação dos católicos, vigiem os pastores para que entre os fiéis católicos não se produza confusão sobre a necessidade de participar na Missa de preceito, também nestas ocasiones, a outra hora do dia." (RS)

Portanto, para cumprir o preceito dominical é preciso a participação na Santa Missa. Somente em casos extraordinários é facultado ao fiel que participe da Celebração da Palavra, embora esta não cumpra o preceito.

Os fiéis que não tiverem em suas comunidades sacerdotes suficientes para celebrar a Santa Missa - nas situações ditas extraordinárias - devem empenhar-se ainda mais em clamar ao Senhor que envie mais operários para a messe, multiplicando as vocações sacerdotais.

A Igreja orienta de forma clara e inequívoca sobre a maneira correta de se cumprir o preceito dominical. Que o Senhor nos dê a graça da obediência e de um amor cada vez maior à Santa Eucaristia, de modo que a obrigação de participar se transforme numa ânsia pelo encontro com o Amado.

 

 

Fonte: https://padrepauloricardo.org/episodios/cumpro-o-preceito-dominical-participando-da-celebracao-da-palavra